A busca por proteínas vegetais mais sustentáveis tem levado à exploração de microalgas como fontes promissoras de nutrientes. Estudos apontam que a Spirulina pode conter entre 60% e 70% de proteína, enquanto a Chlorella vulgaris apresenta teores entre 42% e 58%, sendo rica em aminoácidos essenciais, lipídios e carboidratos.

Além de serem altamente nutritivas, essas fontes de proteína alternativa demandam menos recursos naturais do que a pecuária tradicional e podem ser cultivadas em diferentes ambientes, incluindo terras não aráveis. 

Esse fator reforça seu papel na produção sustentável e na sustentabilidade alimentar, tornando-as essenciais para a inovação alimentar e a criação de superalimentos.

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O que são proteínas à base de algas?

As proteínas à base de algas são obtidas de microalgas e macroalgas, organismos fotossintetizantes cultivados de forma sustentável em ambientes aquáticos. 

Elas contêm aminoácidos essenciais, antioxidantes e compostos bioativos, sendo amplamente utilizadas na indústria alimentícia.

Enquanto as microalgas possuem alta concentração de proteínas sustentáveis e podem ser cultivadas em larga escala, as macroalgas apresentam maior produção de biomassa e são ricas em extratos de algas como polissacarídeos, fundamentais para a indústria de alimentos funcionais e cosméticos.

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Quais os benefícios das proteínas à base de algas?

As algas são classificadas em dois grandes grupos: microalgas e macroalgas, cada um com características específicas.

Microalgas 

São organismos microscópicos unicelulares ou que formam colônias, encontrados tanto em água doce quanto salgada. 

Exemplos conhecidos incluem Spirulina e Chlorella, que se destacam pelo alto teor proteico (60-70%) e riqueza em pigmentos como clorofila e ficobiliproteínas. 

Além disso, microalgas podem ser cultivadas em sistemas autotróficos (com luz e CO₂), heterotróficos (com fontes orgânicas de carbono) ou mixotróficos, adaptando-se a diferentes condições ambientais.

Imagem de algas marinhas frescas, com diversidade de tons verdes e vermelhos.

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Macroalgas

Também conhecidas como algas marinhas, são organismos multicelulares que podem atingir grandes dimensões, fixando-se em substratos submersos. São classificadas em três grupos principais: Chlorophyta (verdes), Rhodophyta (vermelhas) e Phaeophyta (marrons). 

Além da aplicação na alimentação humana, macroalgas são amplamente utilizadas nas indústrias farmacêutica, cosmética e agrícola.

Imagem de algas marinhas em uma praia, destacando suas cores vibrantes e texturas intricadas.

As microalgas são cada vez mais exploradas na indústria alimentícia por seu alto valor nutricional e aplicação como corantes naturais

Estudos já analisam sua incorporação em pães, biscoitos e massas, avaliando fatores como sabor, textura e biodisponibilidade dos nutrientes. 

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A escolha da espécie influencia na aceitação do consumidor e na interação com outros ingredientes. No mercado global, espécies como Arthrospira spp. e Chlorella spp. se destacam, com algumas já reconhecidas como seguras pelo FDA.

Além de enriquecer alimentos, microalgas são fontes naturais de compostos bioativos, como os ácidos graxos ômega-3. Esses nutrientes auxiliam na prevenção de doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão, além de terem ação antioxidante. 

Sua inclusão na alimentação pode fortalecer o sistema imunológico e promover benefícios à saúde, impulsionando a busca por alternativas de proteínas sustentáveis.

Como ocorre a produção?

Cultivo
  • Microalgas e macroalgas são cultivadas com luz, CO₂ e nutrientes dissolvidos na água.
  • O cultivo pode ser feito em tanques controlados (sistemas fechados) ou em ambientes naturais (sistemas abertos).
  • Métodos incluem cultivo fotoautotrófico (luz e CO₂), heterotrófico (fontes orgânicas de carbono) e mixotrófico (combinação dos dois).
Coleta
  • Microalgas são colhidas quando atingem densidade celular ideal.
  • Métodos incluem centrifugação, filtração, floculação e flotação.
  • Macroalgas são colhidas manualmente ou por propagação vegetativa para garantir produção contínua.
Secagem
  • Técnicas comuns incluem secagem ao ar, liofilização, secagem a vácuo e atomização.
  • Métodos combinados como ultrassom e micro-ondas preservam melhor os nutrientes e reduzem custos.
Extração de proteínas
  • A ruptura celular facilita a liberação das proteínas.
  • O grau de processamento afeta a biodisponibilidade e propriedades nutricionais.
  • Proteínas podem ser purificadas para obtenção de peptídeos bioativos, usados na indústria alimentícia e de suplementos.

Cenário brasileiro e oportunidades para investir neste mercado

O Brasil tem grande potencial para a produção de proteínas à base de algas, impulsionado pelo crescente interesse por alternativas de proteínas e superalimentos. 

Contudo, desafios como a padronização do cultivo de algas, tecnologia de extração e competitividade de mercado precisam ser superados.

Para expandir esse setor, é preciso investir em pesquisa, incentivos fiscais e colaborações entre universidades e indústrias. A bioprospecção de espécies nativas pode ampliar as possibilidades e tornar a produção sustentável mais viável e acessível.

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Especialistas apontam que centros de pesquisa, capacitação profissional e apoio a startups podem acelerar a adoção dessas proteínas, tornando-as mais competitivas no mercado.

As proteínas à base de algas representam uma alternativa nutritiva e ambientalmente sustentável. No Brasil, a adoção dessas proteínas vegetais depende de avanços tecnológicos e políticas de incentivo que tornem sua produção mais acessível. Com investimentos estratégicos, o país pode se tornar referência na produção de proteínas sustentáveis, alinhando-se às novas tendências da sustentabilidade alimentar e da inovação.