Os alimentos prebióticos e probióticos têm se tornado essenciais para o setor de food service, atendendo à crescente demanda por opções que promovam a saúde intestinal e fortaleçam o sistema imunológico.
Enquanto os prebióticos são compostos alimentares que alimentam bactérias benéficas, os probióticos são microorganismos vivos que colonizam o trato gastrointestinal, oferecendo benefícios diretos à saúde.
O mercado de bebidas funcionais, como kombuchas, reflete essa tendência. Com projeções de crescimento de US$ 2,4 bilhões em 2024 para US$ 5,9 bilhões até 2029, segundo a MarketsandMarkets, investir nesses produtos representa uma oportunidade significativa para empresas inovarem e se destacarem.
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Qual a diferença entre prebióticos e probióticos?
Prebióticos e probióticos têm funções diferentes, mas trabalham juntos para promover uma saúde gastrointestinal equilibrada. Eles se encontram nos alimentos simbióticos, mas é possível entender a função de cada um individualmente:
- Prebióticos: São compostos alimentares não digeríveis, como fibras, encontrados em alimentos como chicória, alho, cebola, banana, cevada e aveia. Eles alimentam as bactérias benéficas do intestino, como bifidobactérias e lactobacillus, ajudando a fortalecer a flora intestinal e promovendo um ambiente saudável para essas bactérias se multiplicarem.

- Probióticos: São microorganismos vivos, presentes em alimentos fermentados como iogurtes, kefir e coalhadas. Eles colonizam o trato intestinal, auxiliando na recuperação da microbiota, combatendo bactérias patogênicas e reforçando o sistema imunológico.

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Quais são os benefícios do consumo de prebióticos e probióticos?
Os prebióticos naturais, como fibras presentes em alimentos como banana e aveia, servem como alimento para as bactérias benéficas no intestino. Esses compostos:
- estimulam o crescimento de bifidobactérias e lactobacillus, promovendo uma flora intestinal saudável;
- melhoram a absorção de cálcio e outros minerais essenciais, fortalecendo os ossos;
- auxiliam na prevenção de inflamações no cólon;
- contribuem para uma digestão saudável, regulando o trânsito intestinal e aliviando a constipação;
- reduzem riscos metabólicos, como obesidade e diabetes tipo 2;
- ajudam no controle do apetite.
Os probióticos são aliados fundamentais para o equilíbrio intestinal e o bem-estar geral. Esses microrganismos vivos trazem inúmeros benefícios à saúde quando consumidos regularmente. Confira os principais benefícios:
- recuperam a microbiota intestinal após uso de antibióticos ou episódios de diarreia;
- reforçam o sistema imunológico, reduzindo infecções;
- melhoram a digestão, incluindo a tolerância à lactose;
- regulam o colesterol e auxiliam no controle dos níveis de glicose no sangue;
- ajudam a reduzir o estresse e melhoram o sono.
Qual é o melhor biótico?
As marcas estão explorando os bióticos de formas inovadoras, inserindo prebióticos e probióticos em uma ampla variedade de produtos funcionais.
Bebidas como kombuchas, smoothies e multiplicadores de hidratação são criadas para promover a saúde intestinal de forma prática e saborosa. Snacks, iogurtes alternativos e leites enriquecidos são outras opções que unem nutrição, conveniência e bem-estar.
Esses produtos não apenas atendem à demanda por alimentos funcionais, mas também incorporam tendências como sustentabilidade, plant-based e clean label, tornando-se atraentes para consumidores modernos.
Veja a seguir alguns exemplos.
Multiplicador de Hidratação com Probióticos
Marcas como a canadense Flow Mineral Spring Water lançaram bebidas à base de água mineral enriquecidas com probióticos e vitaminas, como magnésio e vitamina C, para promover hidratação e equilíbrio intestinal. Disponíveis em sabores refrescantes como Pepino Limão e Frutas Tropicais, são práticas para o consumo diário.

Kefir com mais cepas probióticas, fermentação prolongada e compromisso ambiental
O Kefir Reggula é uma marca brasileira que se destaca por oferecer uma bebida funcional com 15 cepas probióticas e um processo de fermentação até seis vezes mais lento que o de um iogurte comum, garantindo sabor e qualidade superiores em diversos tamanhos e sabores.
Feito com leite fresco tipo A e grãos de kefir, o produto é livre de conservantes, ingredientes artificiais, glúten e lactose. A empresa também cuida do meio ambiente por meio do sistema de compensação Eu Reciclo, utilizando embalagens recicladas.

ProViva: a inovação sueca que uniu probióticos e aveia
A ProViva é uma marca sueca que nasceu a partir de pesquisas científicas na cidade de Lund, onde descobriu que a combinação de lactobacilos com aveia poderia trazer benefícios para a saúde intestinal.
Com a cepa patenteada Lactobacillus plantarum 299v, a empresa lançou uma linha de bebidas fermentadas à base de frutas e aveia, focadas na saúde digestiva.
Reconhecida pela Swedish Nutrition Foundation, a marca passou a integrar o portfólio da Danone e mantém compromisso com sustentabilidade, utilizando 100% de energia renovável em sua produção.

Por que investir em alimentos prebióticos e probióticos?
A demanda por produtos saudáveis e práticos, como snacks funcionais e bebidas probióticas, reflete a busca por conveniência e saúde.
Segundo a Grand View Research, o mercado de lanches saudáveis deve superar 32 bilhões de dólares até 2025, o que evidencia a oportunidade de explorar matrizes vegetais enriquecidas com bióticos.
A inovação em alimentos clean label, com baixos teores de açúcar, sódio e gorduras, atende consumidores que desejam aliar funcionalidade e bem-estar em suas escolhas alimentares.
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Aumento da demanda por alimentos vegetais que incluam probióticos
Um estudo recente da UFPB (Universidade Federal da Paraíba) destaca a adaptação desses bióticos em matrizes vegetais, como frutas e vegetais, que são bem aceitas devido à sua capacidade de preservar os microrganismos vivos durante o consumo e oferecer conveniência para o estilo de vida moderno.
Produtos à base de plantas, além de atenderem a consumidores veganos e vegetarianos, também se mostram ideais para aqueles com restrições a laticínios.
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Expansão do mercado de bebidas funcionais

Adicionar bebidas funcionais, como kombuchas, sucos probióticos e água de coco ao cardápio é prático e atende à crescente demanda por saúde e bem-estar. Segundo a Precedence Research, o mercado global de bebidas funcionais atingirá 296,67 bilhões de dólares até 2034, mostrando um grande potencial de crescimento.
Essas opções possuem alta aceitação, são fáceis de armazenar e preparar, além de oferecerem versatilidade ao menu, podendo ser destacadas sozinhas ou em combinações com pratos saudáveis.
Potencial de personalização por alimentos adaptados ao microbioma individual
A conexão entre dieta, microbiota e saúde abre espaço para intervenções personalizadas. A personalização alimentar, que considera o microbioma único de cada indivíduo, surge como uma abordagem terapêutica promissora no combate a doenças metabólicas e inflamatórias.
Dietas adaptadas à microbiota têm o potencial de otimizar as interações entre o hospedeiro e seu ecossistema intestinal, promovendo não apenas a prevenção, mas também o tratamento de doenças.
Embora avanços nesse campo sejam promissores, ainda há desafios na identificação de padrões específicos de colonização bacteriana associados a doenças.
Estudos futuros ajudarão a compreender melhor os efeitos de componentes dietéticos específicos e o impacto de longo prazo da alimentação no equilíbrio da microbiota, reforçando a relevância de dietas personalizadas para uma saúde plena.
O impacto da tecnologia
A microencapsulação tem revolucionado a incorporação de probióticos em alimentos, garantindo sua eficácia e estabilidade durante o processamento, armazenamento e consumo.
Essa técnica consiste em envolver microrganismos em materiais de parede protetores, permitindo que resistam a estresses ambientais, como altas temperaturas, pH ácido e as condições adversas do trato gastrointestinal.
Uma das técnicas mais utilizadas para microencapsulação é o spray drying. Este método utiliza materiais de parede como farinha de batata-doce, banana verde e yacon combinados com agentes convencionais, como maltodextrina e gelatina.
Essas combinações aumentam a resistência térmica e a estabilidade dos probióticos, garantindo sua sobrevivência em condições adversas.
- Spray drying: Permite encapsular probióticos com alta resistência térmica (> 77%) e sobrevivência em pH ácido (> 74%). Micropartículas desenvolvidas com farinhas vegetais demonstraram eficácia em produtos como geleias e doces, mantendo altos níveis de viabilidade durante o armazenamento.
- Liofilização: Predominante em alimentos como iogurtes, queijos e whey protein, essa técnica é amplamente utilizada para manter a atividade probiótica em condições simuladas do trato gastrointestinal. Estudos também destacaram a aceitação sensorial positiva de alimentos contendo probióticos liofilizados.
Os desafios da indústria
Criar alimentos funcionais que equilibrem sabor, textura e benefícios é um desafio técnico significativo. Probióticos e prebióticos podem alterar o sabor e a consistência dos alimentos, gerando amargor, acidez ou mudanças na viscosidade.
As condições de processamento, como altas temperaturas e pH ácido, podem comprometer a estabilidade e eficácia desses componentes.
O shelf life impacta diretamente a percepção de valor do produto e a eficiência das operações logísticas. Para otimizar a vida útil, é essencial adotar estratégias que minimizem fatores externos e internos que aceleram a deterioração:
- Embalagens avançadas: selagem hermética e materiais com barreiras contra oxigênio e luz.
- Controle de armazenamento: monitoramento de temperatura, umidade e exposição à luz.
- Tecnologias de processamento: pasteurização a frio e microencapsulação para maior estabilidade.
- Matérias-primas de qualidade: ingredientes frescos e com propriedades naturais de conservação.
- Adição de conservantes naturais: como antioxidantes e agentes antimicrobianos naturais.
- Automação no processo produtivo: reduz falhas humanas e melhora a uniformidade dos produtos.
Os alimentos prebióticos e probióticos desempenham um papel essencial na promoção da saúde intestinal e no fortalecimento do sistema imunológico, tornando-se pilares no mercado de alimentos funcionais.
Com o avanço das tecnologias, como microencapsulação e soluções de shelf life, as indústrias podem desenvolver produtos inovadores, estendendo a viabilidade dos bióticos e garantindo sua eficácia até o consumo final.
Investir nesses alimentos não é apenas uma resposta às tendências de bem-estar, mas uma oportunidade estratégica para atender consumidores que buscam soluções saudáveis e sustentáveis.