As empresas estão vendendo mais e melhor no setor de food service. Uma pesquisa da ANR/GALUNION/ABIA mostra que 55% dos operadores de food service tiveram faturamento maior em 2024. Porém, existe uma ressalva, o lucro não tem subido como se poderia imaginar.

“Houve também muito aumento de custo nesse tempo. Então, as empresas estão vendendo mais, mas elas estão gastando mais também”, explica Fernando Blower, diretor-executivo da Associação Nacional dos Restaurantes (ANR). 

Nesse sentido, o setor tem passado por um discreto processo de recomposição de margens de lucro, que segue muito apertada. Por isso, para 2025 o que deve acontecer é, novamente, aumento de preços para que as margens sigam “minimamente satisfatórias”. 

O executivo diz que é “uma boa notícia” o fato de que tem havido espaço para recompor as margens. Isso acontece por conta do baixo nível de desemprego do país, nos menores níveis em muito tempo. Além disso, houve aumento real do salário mínimo, além do ganho de volume da massa salarial. Tudo isso favorece o consumo.  

Tíquete médio mantido, mas fluxo menor 

Os dados mostram que o tíquete médio do setor se mantém. Ou seja, as pessoas continuam gastando, a cada ida a um restaurante, mais ou menos o que gastavam antes, ou até um pouco mais. Contudo, a dificuldade do setor está em manter o fluxo de pessoas como antes. 

“As pessoas estão saindo com menor recorrência para comer fora de casa. Isso é o que tem impactado mais e tem a ver com a renda média das famílias, que está ainda bastante represada, principalmente na classe média, que é quem mais consome refeição fora do lar, proporcionalmente falando”, detalha Blower. 

Estrutura de custos 

Se, por um lado, o cenário atual sustenta um consumo mais aquecido. Por outro, tem mostrado um aumento persistente de preços. Blower menciona reajustes salariais negociados com os sindicatos como um componente importante do aumento dos custos. 

Ele reconhece que, por conta da pandemia, os reajustes salariais ficaram represados entre 2021 e 2022. Depois, houve uma aceleração dos gastos com folha salarial para fazer a recomposição dos valores. 

Mas não se trata só de salários. O problema dos preços vai muito além. O custo da energia também pressionou o setor, especialmente durante o segundo semestre do ano passado. Além disso, a alta dos aluguéis também é um fator importante. 

Mas, o principal problema segue sendo o preço dos alimentos. E, nesse sentido, são vários os motivos para a alta, mas vale mencionar principalmente a quebra de safras pelo mundo por conta de questões climáticas. 

No Brasil, por exemplo, o arroz disparou no ano passado por conta das enchentes no Sul. Agora, o preço do café está pressionado por problemas de oferta em alguns dos principais produtores globais. 

Nesse sentido, 2025 deve ser um ano em que será preciso encontrar, mais uma vez, a sintonia fina entre aumentar custos para construir margens de custos mais saudáveis, mas sem estrangular o fluxo de clientes para o estabelecimento. 

Para tanto, existe hoje mais previsibilidade para que os empreendedores tomem suas decisões. “O cenário econômico e político do país nos dá muito mais segurança para traçar planos. Antes, estava difícil. Agora, você sabe quais são exatamente as circunstâncias e o que fazer a partir disso. Então, está um pouco mais razoável de você planejar”, avalia. 

Delivery como oportunidade 

A pesquisa da ANR/GALUNION/ABIA mostra que o delivery tem aumentado sua importância para o setor e se consolida como essencial, com 25% dos operadores reportando que esse canal responde por até 40% do faturamento. 

Ainda assim, 11% dos negócios ainda não implementaram o serviço, indicando uma oportunidade de expansão para o segmento. 

Vale-refeição com menos adesão

Já o vale-refeição/voucher encontra-se com menos adesão. Segundo a pesquisa, 31% dos operadores não aceitam essa forma de pagamento, enquanto 27% indicam que a opção representa entre 11% e 20% do faturamento, apenas. 

Enquanto para alguns isso pode ser uma oportunidade, também indica que o mix de meios de pagamentos se alterou ao longo do tempo, graças a opções como PIX e cartão, e que o vale-refeição é importante apenas para parte do mercado.