O Brasil conta com mais de 10 milhões de mulheres donas de negócios em diferentes áreas. Os dados são da Pesquisa Empreendedorismo Feminino do Sebrae. No setor de franquias, as mulheres são maioria. A participação passou de 46% para 57% em 10 anos, uma alta de 11 pontos porcentuais. Os dados são da Associação Brasileira de Franchising. 

O que os números mostram é que não é só no “chão de fábrica” que a participação feminina no setor de franquias tem crescido. Nos cargos de liderança das empresas franqueadoras, a presença das mulheres subiu de 19% para 29% no mesmo período.

Já em relação às operações franqueadas, verificou-se também que a participação delas teve uma fatia elevada de 48% para 51% no período pesquisado. E na liderança dessas operações franqueadas, identificou-se que 3 em cada 10 (32,2%) são mulheres.

Liderança tem mais mulheres, mas paridade é distante

O relatório Women In Business 2025 — produzido pela Grant Thornton, uma das maiores empresas de auditoria e consultoria do mundo — mostra que a participação feminina em cargos de liderança segue crescendo, mas a paridade de gênero continua distante. 

No ritmo atual, serão necessários 25 anos para as mulheres ocuparem metade das posições de liderança nas empresas de médio porte — um cenário que exige ações mais concretas para acelerar esse avanço.

Por enquanto, boa parte do êxito das mulheres está muito mais relacionado ao esforço pessoal e condições familiares mais favoráveis do que a iniciativas governamentais e de empresas.

Histórias de sucesso inspiram mulheres no food service

Conheça, a seguir, três histórias de mulheres que venceram os desafios e que servem de inspiração profissional e pessoal para o sucesso no setor de food service.

De mãe para filhas 

Tem empreendedorismo que passa de geração em geração. No caso de Tatiana de Oliveira Alexandrowitsch, a mãe, Maria Rita de Cássia da Paixão, faz parte da rede Divino Fogão há 23 anos, 11 deles como franqueada. Além disso, a irmã de Alexandrowitsch, Tabata Paixão Oliveira Fontes, também atua como proprietária de uma operação da franquia há mais de uma década. 

Hoje, as mulheres da família detêm pelo menos cinco franquias, sendo três de Alexandrowitsch. Ela conta que iniciou sua jornada empreendedora por procurar novos desafios profissionais e dar um sentido diferente a sua vida. 

“Acredito que, sendo mulher, consigo ter mais cuidado, atenção aos detalhes e no tato com os funcionários. Muitas vezes, nossa intuição nos ajuda no direcionamento do negócio” – Tatiana de Oliveira Alexandrowitsch, franqueada do Divino Fogão. 

Reconhecendo as qualidades mais frequentes nas mulheres, Alexandrowitsch buscou aumentar a presença feminina em suas unidades. “Hoje, a maioria dos colaboradores são do gênero feminino e percebo que as mulheres estão mais ativas no mercado de trabalho”, conta. 

Essas qualidades vêm, muitas vezes, das adversidades. A empreendedora da rede Divino Fogão ressalta que o sucesso da sua empreitada e também o da sua irmã aconteceram graças à mãe, que batalhou sozinha para criar as filhas. 

“Minha mãe é um exemplo para nós. Com ela aprendemos muitos valores que levamos para dentro do nosso negócio. Tenho certeza de que todo o êxito que conquistamos é devido à nossa criação e a inspiração que tivemos dentro de casa”, conclui.

Do complemento de renda a um negócio de sucesso

Na rede de restaurantes Água Doce Sabores, uma mulher inspirou outra. Diretora regional de uma empresa varejista, Sueli Souza não tinha pretensão de administrar um negócio próprio, até conhecer a atual sócia, Angela Esteves, em um curso de MBA na cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Esteves convidou Souza para investir na Água Doce Sabores. 

Inicialmente, Souza só queria complementar renda com o novo negócio, levando em conta que trabalhava com carteira assinada em outra empresa. Foi então que, em 2010, as duas abriram a unidade de Jaú da Água Doce de Jaú, no interior de São Paulo. Depois, Souza pediu demissão do seu trabalho CLT para colocar 100% da sua energia profissional no novo empreendimento

Após seis meses de atuação, a Água Doce Sabores passou a rodar no azul e, então, houve a ideia de abrir o segundo restaurante. Em 2016, o plano de uma nova unidade foi colocado em prático com o lançamento da unidade de Limeira, outra grande cidade do interior de São Paulo.  

“Nunca pensei que iria viver para o meu negócio. No início, a intenção era ter um investimento para conquistar a independência financeira que buscava. Hoje, não me vejo sem a Água Doce, que me proporcionou o que eu almejava e me deu um propósito de vida, tanto pessoal quanto profissional” – Sueli Souza, sócia da Água Doce Sabores.

Uma engenheira de sucesso no food service

Caroline Dalago Cruz é formada em engenharia sanitária e ambiental pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Com passagens por instituições financeiras como os bancos Itaú e Safra e o Fundo Pátria Investimentos, Cruz mudou de ares e foi para o varejo. Trabalhando na Petz ela foi amadurecendo, dia após dia, a ideia de abrir um negócio próprio naquele ramo, que tanto a atraía.  

Depois que virou mãe, deixou o trabalho na Petz, mas o sonho não ficou para trás. Depois de um tempo, viu a necessidade de voltar ao varejo, agora, atuando em um novo segmento. Deixou os pets para trás e passou a oferecer momentos de conforto, relaxamento e satisfação para pessoas ao abrir uma unidade do Café Cultura, cafeteria que aposta em experiência

Cruz conhecia a marca de longa data, já que ambas nasceram na capital catarinense. Assim, não demorou muito para se tornar franqueada em São Paulo, mais precisamente em Moema, um dos bairros mais valorizados da capital paulista e com alta demanda para o tipo de food service que o Café Cultura oferece.