Depois do passeio vamos jantar? E se o passeio todo for o jantar? As experiências imersivas têm ganhado destaque no setor de food service, transformando o ato de comer em uma vivência sensorial completa. Comer é, para além de nutrir o corpo, interagir com o mundo ao redor, e essas experiências enfatizam exatamente isso. Como diz a canção, a gente quer comida, diversão e arte.

Esse conceito vai além do sabor, envolvendo os clientes em narrativas, cenários e interações que estimulam os cinco sentidos. No cenário competitivo atual, oferecer uma experiência imersiva é uma maneira de cativar o público, criar conexões emocionais e diferenciar-se no mercado. Para os operadores de food service, trata-se de unir gastronomia, design e tecnologia para surpreender e encantar, gerando maior engajamento e fidelidade.

Algumas experiências encantadoras ao meu ver são os jantares no escuro, ideia originalmente francesa e consolidada no Dans Le Noir?em Londres, tem modelos parecidos inclusive aqui no Brasil, onde o conceito é uma experiência onde clientes fazem suas refeições em total escuridão. Por quê? Porque a ausência de um sentido intensifica os outros, buscamos outros recursos em nossa mente para aquele ato de comer, criamos em nossa mente um cenário fantástico.

Já o Tree by Naked, em Tóquio, entrega esse cenário utilizando projeções mapeadas, aromas e trilhas sonoras para guiar os clientes por uma narrativa sensorial enquanto é oferecido o menu degustação. Cada prato é harmonizado com mudanças no ambiente, criando uma jornada que combina arte, tecnologia e gastronomia. Junte a estas minhas referências outras diversas que tem acontecido mundo afora e terá um cenário disruptivo do que entendemos como restaurante.

Existe uma grande diferença entre o show que oferece possibilidade de alimentação e este tipo de experiência, onde o espetáculo se desenvolve em torno da refeição, a comida é a protagonista. Experiências imersivas têm como base a personalização e a inovação, utilizando tecnologia gastronômica de ponta e narrativas criativas para criar memórias únicas. Esse é o ponto central, associar memórias ainda mais complexas às memórias gastronômicas – que, por si, já carregam uma diversidade de aspectos.

Além disso, esse modelo de experiência agrega valor ao negócio, permitindo preços mais altos por refeição e atraindo um público disposto a investir em momentos diferenciados. Os operadores que apostam nessa tendência podem utilizar desde realidade virtual até ambientações físicas detalhadas, incorporando storytelling para enriquecer a interação com a marca e os produtos.

No Brasil, o potencial para explorar experiências imersivas no foodservice é imenso. Imagine um restaurante celebrando a biodiversidade brasileira, à la DOM, levando os clientes a uma jornada pelos diferentes biomas do país com projeções mapeadas poderiam recriar cenários naturais enquanto aromas característicos, sons da natureza e pratos regionais complementassem a vivência.

Imagine provar uma releitura contemporânea de um prato amazônico entendendo sensorialmente seus ingredientes, enquanto é “transportado” para uma floresta virtual, com sons de pássaros, projeções de árvores e o vento característico da mata aberta. Corajosos e talentosos, evoluam a ideia!

Essa abordagem não apenas encanta o público, mas também educa sobre a riqueza natural e cultural das sociedades. Além disso, é uma oportunidade de promover a sustentabilidade, ao destacar ingredientes locais e práticas regenerativas. Experiências imersivas no foodservice são uma forma poderosa de transformar refeições em momentos inesquecíveis, conectando os clientes de maneira profunda e emocional com a gastronomia, o espaço e a história que o operador deseja contar.