O momento do transporte de alimentos que precisam de refrigeração é determinante para garantir que toda a qualidade da produção seja mantida. O objetivo é que o produto chegue ao destino sem perder as propriedades e nutrientes.
Em geral, o transporte de alimentos já exige cuidados diferenciados nos processos de separação e armazenamento. No caso da logística de produtos refrigerados, há ainda a necessidade de um ambiente controlado, sob temperaturas específicas durante todo o trajeto.
Neste artigo, você vai conhecer as modalidades de transporte refrigerado, quais tecnologias são utilizadas para manutenção da temperatura e como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamenta esse tipo de carregamento no país.
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O que é transporte refrigerado?
Ainda que seja muito focado em alimentos, como é o caso da transportação de carnes em caminhões de refrigeração, o transporte refrigerado atende outras categorias do mercado, como a indústria farmacêutica (medicamentos e vacinas, por exemplo).
O segmento é bastante nichado no Brasil, apenas 3,6% das transportadoras realizam esse tipo de serviço, segundo dados da empresa de transportes Zanott.
No caso da indústria alimentícia, produtos industrializados congelados, carnes, verduras, legumes, frutas e laticínios podem ser cargas para esse tipo de carreamento.
O transporte de cargas refrigeradas é um segmento de logística que leva os produtos de um local para o outro com a regulação da temperatura, em modalidades que sejam capazes de garantir o controle total do ambiente. Baús de caminhões, contêineres e vagões de trem são alguns exemplos de veículos que realizam essa atividade.
Independente da categoria, é fundamental que o tipo escolhido suporte a tecnologia necessária para regulação da temperatura da câmara fria. Computadores de bordo e softwares ultra modernos cumprem o papel de manter a temperatura constante pelo tempo necessário.
Como funciona o transporte refrigerado
Para sustentar o ambiente de temperatura controlada durante o tempo do trajeto, o transporte refrigerado pode se valer de diferentes métodos. Atualmente, há tecnologia suficiente que permite a logística de cargas refrigeradas nas modalidades terrestre, marítima e até aérea, em casos mais específicos.
Caminhões frigoríficos
O transporte refrigerado em caminhões frigoríficos é um dos mais populares no país. Afinal, a modalidade terrestre soma 65% de todo a transportação de cargas no Brasil, segundo dados do Plano Nacional de Logística (PNL).
Os caminhões frigoríficos são equipados com uma câmara fria no baú. O sistema funciona a partir de um compressor que bombeia um fluido e garante o funcionamento do refrigerador.
Para o funcionamento desse sistema, há algumas tecnologias disponíveis:
- Motor diesel independente;
- Direct drive com ou sem alternador;
- Sistema eutético.
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Vagões refrigerados
No transporte refrigerado, o método está nos vagões. Nesse caso, a tecnologia de controle e regulação da temperatura fica instalada nos veículos com cargas que necessitam de congelamento.
Para os trens, o sistema é mais simples e funciona bem entre distâncias mais curtas. Essa modalidade de transporte no Brasil ainda é subdesenvolvida e fica mais restrita entre cidades, e nem todos os estados brasileiros dispõem de sistema ferroviário.
Contêineres marítimos refrigerados
Na modalidade marítima, os contêineres são a principal ferramenta para o transporte de carga refrigerada, que exige um controle estratégico da temperatura por longos períodos e distâncias.
Essa categoria costuma ser utilizada para deslocamento entre continentes, ou pela costa do país, e exige tecnologia de ponta para que os alimentos perecíveis passem por longos períodos sob refrigeração mecânica do contêiner.
O desafio aqui é garantir que todas as regulamentações nacionais e internacionais (quando o transporte ocorre entre diferentes continentes) e, no caso de produtos cárneos, as normas são consideradas mais rigorosas em comparação a outras categorias.
Principais cuidados no transporte refrigerado
Para garantir a qualidade dos produtos refrigerados, as transportadoras devem seguir à risca alguns cuidados durante a logística. No caso dos produtos cárneos, cada detalhe faz diferença para que não ocorram alterações de sabor, textura e qualidade da carne.
Controle rigoroso da temperatura
A ausência do controle rigoroso da temperatura durante o transporte refrigerado vai impactar na qualidade do produto conduzido e os prejuízos serão inevitáveis.
As temperaturas dentro dos veículos, independente da modalidade, deve seguir um padrão e ser contínuo. Ou seja, precisa ser o mesmo durante todo o percurso.
Para a logística de carnes, as temperaturas ao redor devem ficar entre 4ºC e 7ºC e, no caso de congelamento, o ideal é que fique entre -15ºC e -18ºC.
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Manutenção adequada dos equipamentos
O mau funcionamento dos equipamentos de refrigeração pode comprometer todo o transporte, afinal, enquanto estiver em trânsito, não será possível realizar manutenções e correções.
O tempo é fundamental e poucas horas podem fazer a diferença entre ter uma entrega com a qualidade comprometida.
As transportadoras que trabalham no segmento de logística refrigerada devem se atentar às manutenções programadas e garantir que os profissionais responsáveis pelo transporte estejam bem treinados e capacitados para o manuseio dos equipamentos.
Embalagem adequada
As normas e regulamentações dos órgãos de vigilância indicam as embalagens adequadas para os produtos refrigerados. São invólucros que cumprem a função de armazenar os produtos com o menor contato externo possível, por vezes, com processos de vácuo, que também influenciam na conservação do alimento.
Planejamento logístico
Transporte refrigerado é, sobretudo, estratégia. A logística de cargas refrigeradas, em especial de produtos alimentícios que são tão valiosos e sensíveis, exige um planejamento estrito para a manutenção da temperatura.
Investimento em equipamentos de ponta, mão-de-obra qualificada e softwares específicos que utilizam sistemas inteligentes para a execução de todo o percurso dos produtos refrigerados é essencial.
Em alguns casos, é possível monitorar à distância as temperaturas dos caminhões frigoríficos, uma medida de segurança para observar se os equipamentos de refrigeração estão funcionando adequadamente.
Normas e regulamentações
A Anvisa é a instituição responsável por postular normas e regulamentações que visam a saúde geral da população, com controle sanitário da produção e circulação dos bens de consumo em todo território nacional.
Para padronização do transporte de alimentos para consumo humano, a Agência determinou na Resolução Nº 216, de 15 de setembro de 2004, que diz:
“Os meios de transporte do alimento preparado devem ser higienizados, sendo adotadas medidas a fim de garantir a ausência de vetores e pragas urbanas. Os veículos devem ser dotados de cobertura para proteção da carga, não devendo transportar outras cargas que comprometam a qualidade higiênico-sanitária do alimento preparado.”
Já a Secretaria de Estado da Saúde, no Centro de Vigilância Sanitária, na Portaria CVS-15, de 7 de novembro de 1991, determina que:
“Os meios de transporte de alimentos destinados ao consumo humano, refrigerados ou não, devem garantir a integridade e a qualidade a fim de impedir a contaminação e deterioração do produto”.
Para a regularização do transporte de tipo fechado, isotérmico ou refrigerado, que considera produtos como produtos cárneos, bebidas a granel, cremes vegetais, alimentos congelados ou ultracongelados, sorvetes, entre outros produtos que necessitam de temperatura especial de conservação, há algumas determinações.
A agência exige que o transporte seja feito com materiais lisos, resistentes, impermeáveis e atóxicos. Recomenda-se o uso de caixas e prateleiras e ganchos removíveis, com facilidade para limpeza e desinfecção.
Os termômetros devem estar em perfeitas condições de funcionamento. Inclusive, essa ferramenta de medição é avaliada durante momentos de inspeção para avaliação das transportadoras.
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