No cenário atual, com a sustentabilidade na indústria se tornando um pilar para a sobrevivência, as empresas de alimentos tem participação ainda mais relevante para o assunto. Isso porque as cadeias produtivas alimentares respondem por 73,7% das emissões brutas de GEE.
Os números são do Observatório do Clima, de uma pesquisa de 2021.
Diante disso, grandes empresas da indústria de alimentos e bebidas que atuam no Brasil, como Mars, PepsiCo e Kellanova, e também empresas emergentes, como a Naveia, estão adotando medidas significativas para reduzir sua pegada ambiental e promover práticas mais éticas e sustentáveis em suas cadeias de produção.
Representantes das empresas contaram sobre as ações durante o painel “Desvendando práticas sustentáveis na cadeia de alimentos e bebidas com ações tangíveis além da agenda ESG“, do WarmUp Fispal Tecnologia e TecnoCarne, que antecede o evento, marcado para 18 a 21 de junho, no São Paulo Expo.
Mars mapeia fornecedores indiretos
Victor Cruz, diretor regional da Mars, destaca o compromisso da empresa com a agricultura regenerativa, enfatizando o papel crucial das práticas agrícolas sustentáveis na redução das emissões de carbono. Ele ressalta o projeto “Solo da Próxima Geração”, que oferece suporte técnico a produtores de soja na região do Mato Grosso, com dois terços das propriedades apoiadas sendo de liderança feminina.
Além disso, a Mars atua ativamente nas cadeias de soja e bovina, garantindo que seus fornecedores não contribuam para o desmatamento ilegal. “A gente escolheu algumas propriedades para dar suporte técnico por dois anos, e acompanhamos o avanço em produtividade e sustentabilidade ambiental”, destaca.
Além disso, a Mars mapeia toda a cadeia, ainda que não adquira diretamente de produtores. Assim, faz o controle da emissão de carbono mesmo em fornecedores indiretos, reduzindo as emissões ao longo de todo o sistema de fornecimento.
Kellanova pretende alimentar 400 milhões
Evelyne Faccio, head de Assuntos Corporativos da Kellanova, compartilha os detalhes do Projeto Dias Melhores, herdado da Kellogg’s, empresa da qual a Kellanova surgiu.
“Dias Melhores é compromisso social e ambiental que herdamos da Kellogg’s: compromisso de atingir 4 bilhões de pessoas no mundo”, afirma a executiva. Dentre esse número de pessoas, a ideia é alimentar diretamente 400 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar.
Nesse sentido, a Kellanova realiza doações significativas de alimentos, como as 30 toneladas destinadas ao Rio Grande do Sul, como parte de sua missão de criar dias melhores e garantir um lugar à mesa para todos.
Além disso, a empresa tem apostado na redução de emissão de gás carbônico em algumas das culturas responsáveis pelas maiores emissões: milho, soja, palma e cacau. “Temos todo o trabalho de rastreabilidade ao longo da cadeia”, diz Evelyne.
Biometano como solução para frotas e manufatura
Enquanto isso, Bruno Guerreiro, gerente de Sustentabilidade da PepsiCo, destaca a adoção de biometano como combustível renovável em suas fábricas e frota de caminhões.
“A Pepsico entendeu que o melhor para agora é o combustível renovável. E nesta classe está o biometano, que é o gás natural. A molécula é a mesma, mas uma é gerada via combustão e a outra por biodigestão”, detalha.
Ele explica que a empresa está investindo nessa tecnologia, visando reduzir suas emissões e promover práticas mais sustentáveis. A PepsiCo também está trabalhando em parceria com o governo e outras instituições para expandir a infraestrutura necessária para essa transição.
“Se eu envio meus produtos para o Nordeste via frota com biometano, eu não consigo voltar (por falta de combustível disponível). Mas estamos construindo nós mesmos colunas de abastecimento, e temos visto o governo muito acessível e a favor dessas soluções”, diz Guerreiro.
Empresa B no DNA
Por fim, Alexandra Soderberg, cofundadora da Naveia, empresa de leite vegetal a base de aveia, ressalta o compromisso da empresa com a sustentabilidade desde sua concepção.
Como uma empresa certificada como “B Corp” ou “Empresa B”, a Naveia adota práticas sustentáveis em todos os aspectos de sua operação, desde a produção até a distribuição.
Com o objetivo de competir diretamente com produtos de origem animal, como o leite de vaca, a Naveia busca tornar seu leite vegetal acessível e competitivo, promovendo uma alimentação mais sustentável.
“Estamos desde o começo como ‘Empresa B’. Na parte ambiental, a gente tem muito domínio sobre o assunto porque a Naveia nasceu por causa desse propósito ambiental”, diz a cofundadora. “A gente começou já criando a cadeia da forma mais sustentável”, complementa.
Ela detalha que, mesmo nascendo sustentável, o processo de certificação para “Empresa B” demorou dois anos e foi “bem complexo”.
“A gente ganhou a certificação e, desde então, mantemos todos os protocolos, que prevê não só transparência na parte ambiental, mas também em outras questões do ESG, como igualdade de gênero e raça, entre outros pontos”, conclui.
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