A irradiação de alimentos é uma técnica inovadora que desempenha um papel essencial na segurança alimentar, ajudando a reduzir contaminantes, prolongar o shelf life (tempo de conservação de um produto) e combater o desperdício

Com a crescente demanda por alimentos seguros e práticas mais sustentáveis, essa tecnologia desponta como uma solução eficiente para conservação e rastreabilidade, sem comprometer a qualidade ou o valor nutricional dos produtos.

Além disso, a irradiação representa uma alternativa tecnológica sustentável, permitindo a substituição de produtos químicos em diferentes etapas da cadeia produtiva, reforçando o compromisso com a saúde e o meio ambiente.

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Entendendo o processo de radiação nos alimentos

A irradiação de alimentos é um método que utiliza radiação ionizante para tratar alimentos de forma segura e eficiente. Essa tecnologia inovadora consiste na aplicação controlada de doses de radiação para atingir diversos objetivos essenciais na conservação e segurança dos alimentos.

  • Esterilização: elimina microrganismos nocivos, como bactérias, fungos e vírus, que podem causar doenças, contribuindo para a redução de surtos alimentares e a proteção da saúde pública.
  • Inativação de microrganismos: melhora a segurança alimentar ao dispensar o uso de conservantes químicos, tornando os alimentos mais seguros para o consumo, especialmente para populações mais vulneráveis.
  • Controle de pragas: reduz a infestação em grãos, frutas e vegetais, garantindo maior proteção durante o armazenamento e evitando perdas que impactam negativamente na disponibilidade de alimentos.
  • Redução do uso de químicos: minimiza a necessidade de pesticidas e aditivos artificiais, promovendo alimentos mais naturais e com menor impacto ambiental, contribuindo para práticas agrícolas mais sustentáveis.
  • Aumento da vida útil: retarda a maturação e o apodrecimento, facilitando a logística e a distribuição, especialmente em mercados distantes, o que ajuda a combater o desperdício de alimentos e a reduzir a pegada de carbono associada ao transporte.

Em 1993, a Associação Médica Americana legalizou o uso da radiação para eliminar os micro-organismos presentes em alimentos industriais. Essa decisão contribuiu para a diminuição da incidência de doenças provocadas pela ingestão de alimentos contaminados.

A adoção da irradiação reduz significativamente os riscos de doenças transmitidas por alimentos, melhora a qualidade microbiológica dos produtos e evita a exposição a resíduos químicos nocivos. 

Com relação aos impactos ambientais, a irradiação também é benéfica. O processo diminui a dependência de pesticidas, reduz as emissões de gases de efeito estufa associados ao desperdício de alimentos e otimiza a cadeia de suprimentos com produtos que têm maior durabilidade e menor necessidade de intervenções químicas.

Como o processo de irradiação em alimentos funciona?

O processo de irradiação de alimentos é realizado em etapas bem definidas, assegurando eficácia e segurança em cada fase. Ele utiliza tecnologias avançadas para tratar alimentos sem comprometer sua qualidade nutricional e sensorial.

1. Preparação do alimento

  • Higienização: antes da irradiação, os alimentos passam por uma limpeza minuciosa para remover impurezas e contaminantes superficiais, garantindo que apenas os microrganismos internos sejam alvo do processo.
  • Embalagem: os produtos são acondicionados em embalagens específicas, resistentes à radiação, projetadas para manter a integridade física e evitar contaminações externas durante e após o tratamento.

2. Seleção da fonte de radiação

  • Raios Gama: utilizam isótopos como Cobalto-60 ou Césio-137, ideais para alimentos em grandes volumes devido à sua alta penetração.
  • Raios-X: produzidos a partir de feixes de elétrons convertidos em raios de alta energia, oferecem boa penetração e versatilidade.
  • Feixes de Elétrons: são aplicados diretamente sobre o alimento, com menor penetração, sendo adequados para produtos de menor espessura.
    A escolha da fonte depende do tipo de alimento e do objetivo do tratamento, como esterilização ou inativação de pragas.

3. Irradiação em câmaras controladas

  • Exposição à Radiação: os alimentos são colocados em câmaras blindadas, onde a radiação penetra através das embalagens para atingir microrganismos e pragas.
  • Efeitos da Radiação: a radiação ionizante rompe o DNA de bactérias, fungos e outros organismos, impedindo sua reprodução e sobrevivência.
  • Controle de Dose: a dosagem aplicada é cuidadosamente ajustada para atingir o objetivo desejado sem comprometer a qualidade nutricional, o sabor, a textura ou a aparência do produto. Este controle é fundamental para garantir a segurança alimentar e o cumprimento das normas regulatórias.

4. Pós-Irradiação

  • Rotulagem: após o tratamento, os alimentos são identificados com o símbolo internacional Radura, conforme exigido por regulamentações. Esse selo garante ao consumidor que o produto foi tratado de forma segura e atende aos padrões estabelecidos.
  • Armazenamento e Distribuição: os produtos irradiados seguem para armazenamento ou distribuição, com a vantagem de apresentarem maior durabilidade e menor risco de contaminação.

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Exemplos de alimentos irradiados na indústria

O uso de radiação em alimentos é diverso e inclui:

  1. Carnes e peixes: são irradiados para eliminar microrganismos patogênicos, como Salmonella e Escherichia coli, garantindo maior segurança alimentar e prolongando a validade sem conservantes químicos.
  2. Frutas e hortaliças: recebem irradiação para retardar o amadurecimento, prevenir brotamentos e eliminar insetos, permitindo maior vida útil e qualidade, especialmente em exportações.
  3. Tubérculos: são tratados para inibir o brotamento, preservando a integridade física e nutricional, além de evitar perdas durante o armazenamento e comercialização.
  4. Grãos e cereais: a irradiação combate infestações por pragas, como carunchos e traças, mantendo a qualidade dos produtos e reduzindo a necessidade de fumigantes químicos.
  5. Especiarias e temperos: são irradiados para esterilizar e eliminar microrganismos, preservando o sabor, aroma e segurança do consumo sem alterar suas propriedades.
  6. Produtos lácteos e derivados: o processo reduz a contaminação microbiana, prolongando a validade e facilitando a logística de distribuição para mercados distantes.

Legislação vigente para irradiação de alimentos

No Brasil, a irradiação de alimentos é regulamentada pela Resolução RDC nº 21, de 26 de janeiro de 2001, que estabelece normas específicas para o uso dessa técnica:

Requisitos gerais

  • O processo deve ser realizado exclusivamente em instalações licenciadas e supervisionadas por autoridades competentes.
  • Os alimentos tratados devem conter indicação clara no rótulo, com a expressão “Alimento tratado por processo de irradiação”.

Fontes de radiação permitidas

  • Raios gama, raios-x e elétrons acelerados, dentro de limites energéticos estabelecidos.

Controle de doses

  • A dose mínima deve ser suficiente para atingir o objetivo pretendido, enquanto a dose máxima não pode comprometer o sabor, a textura e a qualidade nutricional do alimento.

A legislação proíbe a re-irradiação, exceto em situações específicas previstas nas normas.

Ao contrário do que muitos pensam, a radioatividade é muito importante na indústria alimentícia. Atentar-se a qual a finalidade da radiação na indústria de alimentos pode fazer toda a diferença em seu negócio.

Isso porque ela é capaz de diminuir ou inativar bactérias, parasitas, fungos, larvas, micro-organismos e ovos de insetos que deterioram o alimento. Essa ação é imprescindível para ambientes onde a armazenagem é imprópria, como navios com longa permanência no mar, por exemplo.

A radiação é usada ainda para preservar flores e plantas ornamentais. Dessa forma, é possível desacelerar o processo de decomposição de um alimento e conservá-lo por muito mais tempo. Por exemplo, dá para retardar a maturação e o apodrecimento de frutas como abacates e morangos em pelo menos duas semanas. Já os grãos, podem ser mantidos intactos por mais de 20 anos.

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