O segmento de snacks saudáveis e práticos está em plena expansão, impulsionado pela busca dos consumidores por opções rápidas e nutritivas que se ajustem ao ritmo acelerado do dia a dia.

Dados levantados pela Statista apontam que, em 2024, o mercado brasileiro de salgadinhos deve gerar uma receita de 92,6 milhões de dólares. A expectativa de crescimento anual é de 6,49% até 2029, ano em que alcançará 126,8 milhões de dólares. 

Essa tendência acompanha a demanda global, na qual o setor se destaca principalmente nos Estados Unidos, com um volume projetado de 21,6 bilhões de dólares em 2024.

Neste ano, o Brasil teve um aumento de 8% nos consumidores da categoria. Com mais de 19,8 milhões de consumidores previstos para 2029 e um aumento na receita média por usuário, o mercado de snacks oferece inúmeras oportunidades para inovação. 

Além de atender a diferentes estados de necessidade, como indulgência, saúde e conforto, o setor reforça o crescimento dos snacks saudáveis, focados em ingredientes funcionais e em formatos de consumo variados. A seguir, explore mais a fundo as tendências e oportunidades para este setor nos próximos anos.

Relacionado: Dia do cachorro-quente: insights de consumo revelam oportunidades para inovar no mercado de alimentos

O que são produtos snacks? 

Produtos snacks são alimentos de consumo rápido, criados para atender à demanda por praticidade em momentos de pausas curtas entre as refeições principais. Geralmente em porções individuais, eles são pensados para oferecer conveniência e satisfação imediata ao consumidor. 

Barras de cereais, biscoitos, salgadinhos de snacks de frutas são alguns exemplos. Em geral, esses alimentos são enriquecidos com micronutrientes, com foco em ingredientes nutritivos e funcionais.

Alessandra Mattar, gerente de marketing da ADM, explica esse fenômeno. “Hoje, vemos que a famosa hora do lanche está mais presente na vida do consumidor. São aqueles momentos em que as pessoas dão uma pausa para escolher algo rápido para comer entre as refeições e até mesmo para substituir um almoço em dias agitados.”

A indústria tem apostado nos snacks como uma das maneiras de aumentar o consumo de proteína. Os snacks nada mais são que lanches rápidos, geralmente processados e que possuem tempo de vida mais longo, como biscoitos, torradas e outros tipos de alimentos que, em geral, são enriquecidos com micronutrientes. 

Crescimento do mercado de snacks no Brasil e no mundo

O mercado de snacks no Brasil continua em expansão, movido pelo desejo de praticidade e bem-estar emocional dos consumidores. Segundo o relatório “State of Snacking” da Mondelēz International em parceria com a The Harris Poll, 75% dos brasileiros mantêm os snacks no orçamento, apesar das preocupações econômicas e da inflação. 

Produtos como o chocolate, por exemplo, funcionam como “pequenas recompensas”, proporcionando conforto e bem-estar para 83% dos consumidores, especialmente em períodos difíceis. Além disso, 80% dos brasileiros compartilham momentos de lanche com a família.

O mesmo relatório revela que 77% dos consumidores brasileiros preferem snacks de marcas conhecidas, e a influência das redes sociais é forte, especialmente para a Geração Z, com 74% relatando que descobrem novos produtos através dessas plataformas.

Quanto à sustentabilidade, 77% dos brasileiros afirmam estar dispostos a pagar mais por snacks com ingredientes de origem ética e embalagens biodegradáveis, demonstrando uma inclinação do mercado para opções que alinhem qualidade e responsabilidade ambiental.

Snack como refeição

Nos Estados Unidos, o relatório “Future of Snacking 2024” do The Hartman Group indica uma transformação nos hábitos alimentares. Em 2023, os snacks representavam 50% de todas as refeições. 

Esse comportamento reflete o interesse dos norte-americanos em substituir refeições completas por lanches rápidos e nutritivos, buscando equilíbrio entre indulgência e saúde. 

Ainda, para Alessandra, existe o desejo do consumidor por produtos mais personalizados, suprindo necessidades específicas e se distanciando dos produtos mainstream. “Por serem pausas rápidas, o consumidor está mais atento à qualidade dos produtos. Além de nutritivo e saboroso, há uma maior demanda por um alimento que se encaixe aos seus desejos durante o dia”, afirma, citando o exemplo de lanches salgados e rápidos como produtos ricos em proteínas que vem crescendo e impulsionando a inovação no setor.

Tendências no mercado de snacks 

Embora as pessoas estejam dispostas a adotar uma alimentação mais saudável, muitas não estão prontas para abrir mão de tudo. Os principais itens que têm sido evitados ou que os consumidores gostariam de reduzir na dieta incluem salgadinhos (29%), refrigerantes (46%), doces (39%) e frituras (45%). Os dados são do estudo “Snacks – Identificando hábitos e tendências de consumo”, conduzido pela Mindminers. 

Ainda existe um grande potencial para as marcas que desejam se destacar no segmento de produtos saudáveis, já que apenas um terço dos entrevistados considera fácil encontrar opções de snacks saudáveis e confiáveis no mercado. 

As pessoas buscam alimentos naturais, sem aditivos artificiais, e esperam uma comunicação clara sobre o que é saudável. Para as marcas que se posicionam como saudáveis, a credibilidade vem de profissionais da saúde, e o equilíbrio entre indulgência e porções controladas é essencial.

Snacks saudáveis: uma tendência em evolução 

A procura por lanches com foco em saudabilidade e bem-estar é um padrão que está se firmando nos hábitos dos brasileiros. Segundo Alessandra, inovar ainda é um desafio. “Anos atrás, víamos que a indústria começou a avançar com produtos que tivessem o foco na saudabilidade, como os biscoitos integrais, por exemplo, passando por pães, utilização de grãos ancestrais etc., e isso abriu uma porta enorme no mercado brasileiro”, comenta.

No Brasil, a concorrência com o consumo de frutas na hora do lanche também é um fator importante no desenvolvimento deste tipo de produto, aponta a executiva da ADM. 

“Diferentemente de outros países, no Brasil o consumo de frutas é muito popular e esta é uma opção importante quando se fala em pausas para o lanche. Mas sabemos que o consumidor também busca outras opções para sair do básico e do que já se conhece por lanches com saudabilidade e bem-estar, opções mais convenientes, com maior conteúdo proteico e apelo indulgente”, completa.

Imagem de barras de doce sendo cobertas por crocantes de amendoim, ilustrando o processo de produção de snacks saudáveis

A popularização de lanches saudáveis se deu com maior foco em produtos doces. “Hoje, já encontramos no mercado uma grande variedade de opções com perfil focado em doce, como as barras proteicas, os shakes e biscoitos. No entanto, para os consumidores que possuem um paladar mais salgado, as opções de snacks funcionais ainda são escassas. Mas, muito pode ser explorado, especialmente quando se trata de produtos plant-based que trazem vitaminas e proteínas em sua composição”, afirma. 

“Em nosso centro de inovação, por exemplo, desenvolvemos um snack salgado que substitui a tradicional granola doce, uma versão de granola salgada rica em proteínas, fibras, plant-based, uma opção para a pausa no trabalho com baixa caloria”, completa Alessandra Mattar.

Snacks de proteína: uma solução promissora 

Durval Ribas, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, afirma que a indústria de alimentos tem em mãos a possibilidade de entregar ao público aportes proteicos em refeições menores e seguras, mas, para isso, precisa acrescentar nutrição aos snacks, tendo em vista que, em média, a saciedade com esse tipo de refeição dura apenas 30 minutos. 

“Uma orientação para que a indústria, dentro do possível, torne esses snacks mais nutritivos é colocar elementos como fibras solúveis e insolúveis, que dão mais saciedade e, certamente, contribuem para que as pessoas tenham uma ingestão alta de proteína sem que tenham que repetir a refeição excessivamente para que se sintam saciadas”, avalia o especialista, durante participação no Q&A FiSA BrainBox.

Hoje, a utilização de barras ou bebidas lácteas com alto teor de proteína, para citar apenas algumas soluções, podem ser utilizadas em substituição aos doces e lanches calóricos. 

A Athletica Nutrition, empresa focada em soluções à base de proteína, inclui de 5g a 15g de aporte proteico em seus snacks. Além disso, a empresa vem colocando micronutrientes nos alimentos para fazer uma composição que combine aporte proteico e saciedade. 

Barras de cereal, chocolate e um copo de bebida saudável

“A goma é uma realidade no mercado americano e europeu e está chegando forte ao Brasil. E se a indústria conseguir colocar cada vez mais vitaminas e minerais nesse tipo de produto, ela poderá substituir até mesmo balas e chicletes comuns por produtos que garantam aportes de proteínas, reduzindo o déficit de proteínas e alcançado públicos diferentes, como idosos e crianças”, explica Jefferson Silva, diretor nacional de Vendas da Athletica, durante o Q&A.

Snacks Better for You 

Os lanches “Better for You” se destacam como alternativas mais saudáveis a opções tradicionais de snacks, oferecendo sabor, nutrição e praticidade; ideais para quem busca conveniência no dia a dia sem abrir mão de benefícios para a saúde.

De acordo com projeções da Future Market Insights INC, espera-se que o mercado global de lanches “melhores para você” atinja um valor de 53,18 bilhões de dólares até 2033, um crescimento anual (CAGR) de 3,3%, impulsionados por mudanças nos hábitos de consumo e aumento da renda disponível.

Mulher observando prateleira de supermercado enquanto faz compras, com ênfase na escolha de produtos

Quais são os snacks mais consumidos no Brasil?

No Brasil, os consumidores levam em consideração vários fatores ao escolher um snack, incluindo sabor, praticidade, saciedade, ingredientes, preço, saudabilidade e a marca do produto, de acordo com a pesquisa da Mind Miners. 

Esses critérios refletem as preferências de consumo, que podem variar conforme o estilo de vida e as necessidades individuais.

Os snacks mais consumidos no país se distribuem em oito subcategorias principais: biscoitos salgados, biscoitos doces, nozes, castanhas e misturas, batatas fritas e salgadinhos, pipoca, barrinhas de cereais, lanches de frutas e pretzels, como mostra a pesquisa da Mind Miners.

Exemplo de reinvenção no mercado de snacks

A Bold Nutrition identificou uma oportunidade promissora no mercado de barras de proteínas, unindo saúde e sabor para atender consumidores que desejavam uma alternativa aos snacks tradicionais. 

A marca reposicionou sua identidade visual e investiu 30 mil reais em um lote de 5 mil barras, o que impulsionou significativamente as vendas. Em 2022, a empresa alcançou um faturamento de 80 milhões de reais e, com uma estratégia ousada, tem como meta atingir meio bilhão de reais até 2027.

Barras de cereal com frutas secas e grãos dispostas sobre um fundo rosa

Investir no mercado de snacks é uma aposta inteligente para empresas do setor de alimentos, principalmente diante das mudanças nas preferências dos consumidores, que buscam conveniência, sabor e, cada vez mais, opções mais saudáveis. 

O crescimento contínuo desse mercado, impulsionado pela crescente demanda por lanches rápidos e nutritivos, oferece uma excelente oportunidade para a indústria alimentar inovar e expandir seu portfólio.

Além disso, com o aumento da renda disponível e mudanças no estilo de vida, consumidores estão mais atentos à qualidade dos produtos e dispostos a pagar um pouco mais por opções saudáveis e convenientes. 

A diversificação e inclusão de snacks “Better for You”, como biscoitos, frutas secas, barrinhas e outros lanches nutritivos, pode gerar um diferencial competitivo e garantir um posicionamento sólido no mercado, aproveitando um setor que deve continuar a crescer de maneira consistente nos próximos anos.