A globalização, a concorrência e o aumento dos níveis de exigências de consumidores estão levando a indústria de alimentos à promoção da inovação em produtos e processos de produção, tornando-se uma necessidade irrevogável nos aspectos cultural, tecnológico e de novos negócios.
E foi com este propósito que a Fispal Tecnologia e a TecnoCarne promoveram um webnar para falar sobre o papel da inovação na capacidade da indústria atingir um novo patamar, elevando a produtividade e atendendo as exigências de consumidores.
Mediado por Carolina Abrantes, sócia-diretora e cofundadora da Bridge & Co, o painel do evento digital Warm Up contou com a participação de Marilia Zanona, Head Of Innovation da Kraft Heinz, e Renate Giometti, Head de Inovação da Nestlé.
Aspecto cultural: a inovação deve fazer parte da cultura da empresa
Começando pelo aspecto cultural, foi discutida a importância das empresas terem uma cultura da inovação no seu DNA, engajando o conceito dentro de todos os níveis hierárquicos de forma constante.
Neste aspecto, Marília Zanona acredita que o engajamento é conquistado com bons resultados e cases de sucesso. “Nada engaja mais do que o orgulho de fazer parte de um processo que deu certo, mostrando que a conquista é de cada participante”.
A Head de Inovação na Kraft Heinz explica que a empresa leva a inovação para as pessoas em duas frentes. “Temos uma mudança cultural amplamente apoiada pela liderança com foco em valorizar o coletivo, as pessoas e a melhora contínua. Mas temos também um movimento de base que incentiva os times de uma forma mais colaborativa, com autonomia e liberdade para errar.”
Segundo Marilia, isso vai despertando a curiosidade de todos dentro da empresa, que querem participar da agenda da inovação, afinal, os resultados estão sendo vistos e comemorados por todos.
Ainda sobre a cultura da inovação, Renate Giometti ressalta que é comum as empresas terem projetos que deram certo e outros não. “Isso faz parte da cultura da inovação. O erro é aceito e incentivado, afinal buscamos a melhoria contínua”, diz.
A head de inovação e novos negócios da Nestlé ressaltou também a importância da incorporação da inovação nas metas e objetivos de todos os colaboradores. “Acredito que devemos trazer a inovação para metas e objetivos de todos dentro da organização”, ressaltou.
Tecnologia: papel estratégico dentro da inovação
Com o advento da transformação digital, a tecnologia digital começou a fazer parte de qualquer conversa no âmbito da inovação. “Para a Nestlé, o consumidor sempre esteve e continuará estando no centro das atenções. Somente depois de entender o que ele quer, é que partimos na busca pela melhor tecnologia que vai entregar isso”, analisou Renate Giometti.
A head de novos negócios da Nestlé citou o exemplo da transformação digital e da Indústria 4.0 que vem ocorrendo dentro das fábricas da companhia. “Nossas linhas de produção permitem customizar produtos e entregar personalização em escala. Também temos uma eficiente governança de dados.”
Na Kraft Heinz, Marilia Zanona salientou que a transformação digital dentro do ambiente corporativo melhora a companhia como um todo, mas sem o coletivismo e a colaboração a tecnologia não resolverá problemas sozinha.
“Não teremos inovação se não tatearmos a performance coletiva, com todos estando na mesma sintonia, mesmo que estejam com distância física. A função da tecnologia é ajudar”, opinou.
Novos negócios: gerando valor para a inovação
Dentro do aspecto de novos negócios, Carolina Abrantes citou três aspectos de suma importância e que fazem a inovação acontecer: inovação aberta, adoção de um ecossistema colaborativo e a estratégia de corporate venture caption.
Na Nestlé, uma iniciativa relacionada à inovação aberta é o projeto Panela. “O Panela é nossa plataforma que engloba todas as iniciativas de inovação aberta. Acreditamos que com todos os ingredientes colocados na ‘panela’, conseguiremos inovar e criar o futuro da inovação da indústria de alimentos”, comemora Renate Giometti.
A head de novos negócios da Nestlé explica que a empresa trabalha junto com startups, universidades e setores do empreendedorismo para fomentar a inovação em diversas vertentes.
O projeto também tem uma visão social bastante interessante. “Caminhamos para um cenário em que o ganho para a organização é importante, mas devemos abrir o leque e criar soluções que atinjam os KPIs que realmente sejam relevantes para toda a sociedade.”
Marília Zanona, da Kraft Heinz, ressaltou que há três formas de interação de gigantes da alimentação com startups e assim promover novos negócios dentro de um ecossistema:
- Solucionar problemas internos, que fornecedores tradicionais não conseguem resolver;
- Oferecer autonomia e gerar uma sinergia entre uma empresa pequena, enxuta e rápida (startup) e uma gigante sem que a primeira seja “engolida” pela segunda, preservando suas características que fizeram ela dar certo;
- Criar ações para que a “gigante de alimentos” ajude o pequeno e ambos ganhem com isso, fomentando o empreendedorismo.
“Quando estes três pontos são realizados com eficácia e a sintonia entre uma startup e a grande corporação torna-se positiva, teremos naturalmente generosidade nas trocas. Todo mundo sai ganhando com a interação”, concluiu Marília.
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