*Por Kathia Schmider – nutricionista e coordenadora da Área Técnico-científica da Abiad

Só quem lida com a restrição do consumo de açúcar ou pelo menos procura diminui-lo em seu cotidiano, sabe da necessidade de encontrar o substituto perfeito para criar novos hábitos alimentares. Graças aos avanços da ciência no campo dos alimentos para fins especiais, ninguém precisa sacrificar os prazeres do paladar para manter uma dieta reduzida em açúcares e calorias. Os adoçantes, conhecidos na indústria como edulcorantes, vieram como alternativas seguras e eficientes para os mais diversos gostos e necessidades.

No início, seu uso era voltado para a fabricação de alimentos ou bebidas dietéticas destinadas a diabéticos que precisam reduzir ou controlar a ingestão de açúcar. Ainda assim, com a ampla adoção de edulcorantes pela indústria em vários alimentos e bebidas nas versões light, diet e zero, atualmente é muito comum encontrar pessoas saudáveis consumindo esses produtos. Seu uso se tornou abrangente, contribuindo para o bem-estar da população, seja acompanhando aquela xícara de café quentinho pela manhã ou para fazer uma receita especial para a família nas festas de final de ano.

Em suma, os adoçantes conquistaram a confiança e o paladar de milhões de pessoas pelo mundo. Ainda assim, existem mitos e informações fora de contexto que geram questionamentos que podem nos assustar, se não nos basearmos em ciência para respondê-los. Surgem dúvidas como: adoçantes são mesmo seguros? Existem adoçantes mais seguros do que outros?

Já adianto que, ao serem consumidos nas quantidades devidas, adoçantes não trazem riscos à saúde. E todos, sejam naturais ou artificiais, são iguais do ponto de vista de segurança. Essas afirmações podem ser feitas com tranquilidade. porque edulcorantes foram amplamente estudados e considerados seguros globalmente pelas agências reguladoras de alimentos.

Antes de chegarem às prateleiras, eles passam pelo crivo de autoridades regulatórias competentes, como no Brasil, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), nos Estados Unidos a Administração de Drogas e Alimentos dos EUA (FDA) e no continente Europeu, a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar (EFSA). Essas avaliações criteriosas e normativas de segurança são atestadas pelos órgãos internacionais reconhecidos e qualificados, como a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Comitê de Especialistas em Aditivos Alimentares (JECFA).

Vale ressaltar que cada edulcorante tem sua recomendação de ingestão de consumo diário. Eles são definidos por meio de uma série de pesquisas que comprovam a inexistência de efeitos adversos decorrentes do consumo de cada adoçante e sua liberação de uso é feita pelo JECFA, que avalia os estudos e estabelece a ingestão diária aceitável, conhecida como IDA. Ou seja, não só sua segurança é reafirmada, como também a população pode construir entendimento de suas recomendações de uso.

Recentemente têm sido publicados estudos que contrariam o posicionamento do comitê de especialistas da FAO/OMS, o JECFA, sobre a segurança de edulcorantes, cujo trabalho é embasado em princípios para a avaliação de segurança de produtos químicos em alimentos e totalmente abrangidos pelos conceitos da atual toxicologia. Interpretações equivocadas contrariam a assertividade de todos esses protocolos científicos e regulatórios, que quando analisados isoladamente acabam por alarmar toda a população, incluindo os profissionais da saúde.

Em muitos casos, os pareceres desses estudos contradizem décadas de evidências científicas que confirmam a segurança e a eficácia de adoçantes. A depender do tipo de estudo utilizado pelo pesquisador e o público-alvo envolvido, as descobertas podem ser limitadas e não estabelecer relações de causalidade, mas sim apenas associações.

Ou seja, se uma população estudada já faz parte de um grupo com alguma doença ou risco aumentado para essa doença, ou ainda com alguma condição de obesidade ou sobrepeso e utiliza um adoçante, podem surgir dados mostrando uma associação aos riscos citados, mas não há como concluir que o adoçante é a causa do problema.

Assim, é importante que os pesquisadores, profissionais da saúde e a população em geral, analisem criticamente, tanto os resultados apresentados, como busquem fontes oficiais de pesquisas científicas para terem informações mais abrangentes e confiáveis.

No final de contas, entidades competentes no Brasil e ao redor do globo nos apoiam para que possamos aproveitar dos melhores momentos gastronômicos com segurança e favorecendo nosso bem-estar. O consumidor é livre para escolher despreocupado qual edulcorante combina com a sua dieta, seja ele artificial ou natural.

Importante considerar também, o momento e a forma de uso, por exemplo, o acessulfame-K, é muito utilizado para panificação, além de estar presente em chocolates e geleias. Já o adoçante stevia é recomendado para realçar sabores frutais e de baunilha nas receitas. Com a segurança comprovada por órgãos internacionais, a criatividade é o limite.

Sobre a ABIAD
A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (ABIAD) foi fundada em 1986 com a missão de reunir empresas que se dediquem, direta ou indiretamente, à produção, industrialização, comercialização, distribuição e importação de matérias-primas e alimentos para fins especiais, incluindo nutrição infantil, nutrição enteral, diet e light, suplementos alimentares, nutrição esportiva, alimentos funcionais, dentre outras categorias. A visão da ABIAD é ser a principal referência do setor de alimentos para fins especiais e, atualmente, desempenha papel de interlocutora desse mercado no diálogo com o Poder Público e órgãos internacionais, podendo assumir o papel de liderança na defesa de políticas públicas baseadas em dados científicos sólidos e a capacidade para que os consumidores tenham acesso a uma grande variedade de produtos seguros, benéficos e de alta qualidade. Para mais informações, acesse https://abiad.org.br/.