Os aditivos alimentares são um dos principais aliados na manutenção da qualidade, sabor e vida útil de alimentos e bebidas.
Embora muitas vezes despercebidos pelos consumidores, esses componentes desempenham papel crucial na indústria, garantindo que produtos tenham a qualidade que esperamos.
Conheça os principais aditivos alimentares e entenda a importância dessas substâncias que transformam a maneira como nos alimentamos.
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O que são aditivos alimentares?
Os aditivos alimentares são substâncias químicas adicionadas aos alimentos com o propósito de melhorar suas características, como sabor, aparência, aroma e tempo de conservação.
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), estes ingredientes não possuem nenhum propósito de nutrir.
Seu objetivo está em “modificar as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais, durante a fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação de um alimento”.
Tipos de aditivos alimentares
Existem diferentes tipos de aditivos alimentares, cada um com uma funcionalidade diferente. Conheça os principais tipos a seguir:
Corantes
Os corantes conferem, intensificam ou restauram a cor dos alimentos.
- Alguns usos na indústria de alimentos: bebidas, confeitaria, panificação.
- Exemplos: tartrazina, caramelo.
Aromatizantes
Os aromatizantes melhoram ou modificam o aroma e o sabor dos alimentos. É comum serem utilizados de modo a reproduzir os aromas naturais de determinado ingrediente.
- Alguns usos na indústria de alimentos: bebidas, doces, produtos lácteos e snacks.
- Exemplos: vanilina, ésteres de frutas.
Conservantes
Os conservantes prolongam a vida útil dos alimentos. Eles inibem o crescimento de microrganismos como bactérias, bolores e outras reações químicas que possam prejudicar o produto.
Podem ser naturais ou sintéticos. Os conservantes naturais provocam mudanças nas propriedades sensoriais do produto, sendo parte essencial de alguns produtos como as conservas, enquanto os sintéticos costumam ser mais eficientes e ter menor custo.
- Alguns usos na indústria de alimentos: carnes, laticínios, conservas, produtos de panificação e confeitaria.
- Exemplos: sal e vitamina C (naturais); nitrito de sódio e benzoato de sódio (sintéticos).
Edulcorantes
Os edulcorantes são uma alternativa ao açúcar, uma vez que adoçam os alimentos. Normalmente, é um aditivo voltado ao público com alguma restrição calórica ou portadores de diabetes.
- Alguns usos na indústria de alimentos: doces, bebidas e outros produtos dietéticos.
- Exemplos: aspartame, sacarina, sucralose.
Antioxidantes
Os antioxidantes retardam a oxidação de gorduras e óleos, preservando os alimentos. Assim, retardam a deterioração, rancidez e descoloração. Uma vez que a oxidação é o contato do oxigênio com o alimento, o antioxidante funciona como uma barreira.
- Alguns usos na indústria de alimentos: carnes processadas, óleos e gorduras.
- Exemplos: ácido ascórbico, tocoferóis.
Flavorizantes
Semelhante aos corantes, os flavorizantes melhoram e intensificam o sabor e o aroma de um alimento.
- Alguns usos na indústria de alimentos: snacks, bebidas, molhos.
- Exemplos: glutamato monossódico (MSG), ribonucleotídeos.
Estabilizantes
Os estabilizantes servem para manter as propriedades físicas dos alimentos, melhorando a viscosidade ou evitando a cristalização de alguns produtos. Este é um aditivo que impede a separação de ingredientes da fórmula.
- Alguns usos na indústria de alimentos: sorvetes, maionese, molhos.
- Exemplos: lecitina, goma guar, carragena.
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Acidulantes
Os acidulantes aumentam a acidez dos alimentos, realçando o sabor e atuando como conservante.
- Alguns usos na indústria de alimentos: bebidas, conservas, doces.
- Exemplos: ácido cítrico, ácido acético.
Antiumectantes e umectantes
Antiumectantes previnem a absorção da umidade. Assim, permitem que um alimento permaneça seco e crocante durante um maior período.
Os umectantes, por sua vez, evitam que o alimento perca a umidade. Ou seja: impedem que o produto fique ressecado.
- Alguns usos na indústria de alimentos: panificação, confeitos, produtos de carne.
- Exemplos: sílica (antiumectante), glicerol (umectante).
Espumíferos e antiespumíferos
Os espumíferos são aditivos alimentares utilizados para formar espuma em alimentos e bebidas. Assim, proporcionam uma textura leve e aerada.
Já os antiespumíferos impedem a formação excessiva de espuma durante a produção ou armazenamento de alimentos.
- Alguns usos na indústria de alimentos: bebidas, produtos lácteos.
- Exemplos: proteínas do leite, silicone.
Espessantes
Os espessantes aumentam a viscosidade dos alimentos sem alterar outras propriedades. Com isso, melhoram a textura e a consistência dos produtos.
- Alguns usos na indústria de alimentos: sopas, molhos, iogurtes.
- Exemplos: amido, goma guar.
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Vantagens do uso de aditivos alimentares
Graças aos aditivos, os alimentos ganham maior vida útil, resistindo por mais tempo à ação de microrganismos.
Além disso, os aditivos alimentares também impactam diretamente na redução do desperdício de alimentos. Como aumentam o shelf-life, garantem mais durabilidade a alimentos e bebidas.
Outra grande vantagem é a produção em larga escala. Os aditivos asseguram a padronização de cores, sabores e texturas a um mesmo produto. Em consequência, fica mais fácil produzir grandes quantidades de alimentos – o que contribui para a redução dos custos e torna produtos mais acessíveis para a população.
Para os consumidores, as vantagens também são visíveis. Os aditivos de alimentos facilitam o dia a dia dos consumidores, uma vez que oferecem opções variadas e mais práticas para consumo, inclusive para pessoas com restrições alimentares.
Diabéticos, por exemplo, têm acesso a mais produtos, sem deixar o sabor e a nutrição de lado.
Boas práticas de fabricação e uso
Quem estabelece as Boas Práticas de Fabricação (BPF) para aditivos alimentares é a RDC nº 45, de 3 de novembro de 2010. Esta resolução visa assegurar segurança, qualidade e conformidade de produtos alimentícios que contêm aditivos.
A Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa, que incorpora a Resolução GMC MERCOSUL n. 34/2010, estabelece diretrizes claras sobre o uso de aditivos alimentares:
Seleção adequada de aditivos
A escolha dos aditivos deve ser feita com base em critérios de segurança, eficácia e compatibilidade com o alimento. Com isso, consideram-se os aspectos técnicos e regulatórios para selecionar aditivos que atendam às necessidades específicas de cada produto.
Limites máximos de uso
Os limites máximos de aditivos são delimitados pela Anvisa, a partir de avaliações que determinam a quantidade segura para consumo humano.
Condições de uso
Os aditivos devem ser utilizados nas condições apropriadas. A temperatura, o pH e outros fatores que possam influenciar o desempenho do ingrediente no alimento devem ser monitorados de perto.
Monitoramento e controle de qualidade
O monitoramento e o controle de qualidade são momentos cruciais para assegurar que os aditivos alimentares estejam sendo manejados de forma correta e em segurança. Isso envolve a realização de análises físico-químicas, calibração de equipamentos e implementação de sistemas de gestão de qualidade.
Documentação e rastreabilidade
Manter uma documentação detalhada garante a transparência em todo o processo de produção.
Todos os procedimentos devem ser documentados, com registros completos das etapas do processo produtivo: desde a identificação dos lotes de matérias-primas aos produtos finalizados.
Treinamento de pessoal
Todos os funcionários devem receber treinamento inicial sobre as BPF e as normas específicas para a manipulação de aditivos alimentares. Os colaboradores devem ser informados sobre as práticas de manuseio, armazenamento e aplicação dessas substâncias, além de estarem cientes das regulamentações.
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Legislação da Anvisa para ativos alimentares
No Brasil, quem estabelece diretrizes para o uso de aditivos alimentares é a Anvisa. Confira quais são as principais regulamentações.
Resolução n. 778/2023
A Resolução RDC n. 778/2023 aborda critérios e condições para a inclusão de aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia nos alimentos comercializados no Brasil.
Instrução Normativa IN n. 211/2023
Complementando a RDC n. 778/2023, a Instrução Normativa n. 211/2023 detalha os procedimentos para a avaliação de segurança dos aditivos alimentares. As normas definem informações e dados para a aprovação de novos aditivos, além da revisão dos que já estão autorizados.
Resolução n. 27/2010
A Resolução n. 27/2010 é responsável pela lista de aditivos alimentares e suas funções. Ela detalha as categorias em que cada aditivo pode ser usado, além de os limites máximos de uso para cada substância.
Portaria n. 540, de 27 de outubro de 1997
A portaria nº 540 regulamenta a rotulagem de alimentos que contêm aditivos alimentares. Dessa forma, estabelece as diretrizes para a declaração dos aditivos nos rótulos, garantindo que os consumidores tenham acesso a informações claras e precisas
À medida que a indústria de alimentos e bebidas continua a evoluir, os aditivos alimentares permanecem como elementos fundamentais para a inovação e a eficiência.
Eles não apenas garantem que os produtos alcancem os consumidores com qualidade e segurança, mas também impulsionam a capacidade da indústria de atender às demandas por alimentos mais duráveis, saborosos e acessíveis.
Ao entender o papel vital desses componentes, fica claro que os aditivos são facilitadores de experiências sensoriais em um mercado em constante crescimento.
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