A Cacau Show investiu pesado em suas lojas físicas. Agora, que mostrou que sabe fazer varejo de experiência, a companhia tem trabalhado mais intensamente em uma estratégia para ampliar sua base de clientes e mostrar que tem fôlego para vender também para o Brasil-profundo.
Para isso, a parceria com revendedores, amplamente conhecida como venda direta, no melhor estilo Avon ou Natura, é a ferramenta.
“A longo prazo, enxergamos a oportunidade de termos mais de 1 milhão de revendedores trabalhando conosco. Hoje somos em torno de 180 mil”, diz Felipe Coyado, gerente de Venda Direta da Cacau Show, em entrevista exclusiva ao Food Connection.
O representante da rede diz que esse modelo de negócio tem permitido à companhia reduzir o custo fabril e ganhar escala e volume, “algo que outros canais de venda levam mais tempo para conseguir”.
A ideia da Cacau Show é ter metade das suas vendas totais atreladas aos revendedores da marca. Em 2024, o canal apresentou novo recorde de faturamento, com mais de 430 milhões de reais em um ano, “porém ainda distante dos 50%”, diz Coyado.
O papel das lojas nas vendas diretas
Para tanto, ele conta também com a alta capilaridade da companhia, com suas lojas espalhadas pelo Brasil, que hoje são cerca de 4.600 unidades. Só nos últimos quatro anos surgiram mais de 500 novos estabelecimentos. A ideia é tornar ainda mais profunda a marca, com as lojas fornecendo para os revendedores e, estes, ampliando o alcance e aumentando a aproximação com o consumidor final.
Nesse sentido, a Cacau Show afirma ter um modelo de venda direta inovador com relação às iniciativas mais conhecidas.
“Todos os modelos de venda direta têm alguma semelhança entre si, alguns com mais semelhanças, outros com menos. A Avon/Natura opera a venda direta da fábrica para o revendedor, enquanto o nosso modelo passa 100% pelos nossos franqueados”, explica o representante da rede.

Leia a entrevista completa com Felipe Coyado, gerente de Venda Direta da Cacau Show.
A Cacau Show ficou famosa pelas suas lojas com boa experiência. Com qual objetivo o modelo de vendas diretas está sendo inserido na operação da companhia?
O principal objetivo do modelo de revenda é levar os nossos produtos até os consumidores, onde quer que estejam, seja em suas ocasiões de consumo ou em cidades mais distantes, onde não temos lojas. Outro aspecto importante: estamos trabalhando fortemente no que acreditamos, no empreendedorismo.
Como é feita a parceria com os vendedores diretos?
A parceria é formada por uma relação do autônomo com a nossa marca. O revendedor compra os nossos produtos diretamente das nossas lojas com condições comerciais diferenciadas, e está autorizado a revender de forma não exclusiva, por tanto, representando também a nossa marca.
E quanto à formação, existe algo nesse sentido? Como a empresa contribui para que os vendedores se desenvolvam?
Oferecemos um sistema de treinamento com diversas trilhas de desenvolvimento, que abrangem diversos assuntos, como os nossos produtos, nossa marca, técnicas de vendas, como iniciar neste empreendimento, como fazer uma carteira de clientes, entre outros assuntos relevantes ao modelo de negócio.
Quantos vendedores diretos a companhia espera ter? Quantos têm hoje?
A longo prazo, enxergamos a oportunidade de termos mais de 1 milhão de revendedores trabalhando conosco. Hoje somos em torno de 180 mil – base total.
Quais as estratégias para agora nas vendas diretas, levando em conta a proximidade da Páscoa e o aumento da demanda?
Estamos continuamente evoluindo essa modalidade de vendas trazendo mais ferramentas tanto para as nossas lojas quanto para os revendedores. Lançaremos nos próximos dias o meio de pagamento boleto para nossos revendedores. É uma ferramenta super importante e aguardada pela nossa rede.
Além disso, temos campanhas específicas durante a Páscoa para que os nossos revendedores, tanto os novos quanto os ativos, tenham uma lucratividade extra no melhor momento que se existe para revender chocolate!
Como exatamente os vendedores atuam? Como funciona a relação com a empresa?
Existem diversas formas de atuação. Muitos começam vendendo para amigos, familiares, e comunidades locais, como condomínios, igrejas, clínicas, entre outros. Alguns, com mais experiência, exploram outras modalidades, como consórcios e vendas dentro de outras empresas, onde conseguem explorar maior volume de vendas e de fato alavancar o negócio. Em todos os cenários, o revendedor está, de certa forma, representando a nossa marca, sempre em parceria com um franqueado ou com uma de nossas lojas próprias.
O modelo Avon/Natura influencia o modelo da Cacau Show? Há semelhanças? Quais são?
Todos os modelos de venda direta têm alguma semelhança entre si, alguns com mais outros com menos. A Avon/Natura opera a venda direta da fábrica para o revendedor, enquanto o nosso modelo passa 100% pelos nossos franqueados.
Qual percentual a companhia espera que as vendas diretas ocupem do total da empresa hoje? E em números brutos?
Nosso objetivo é buscar 50% de representatividade do negócio através da venda direta. Em 2024, tivemos um novo recorde de faturamento, com mais de 430 milhões de reais em um ano, porém ainda distante dos 50%.
Quanto exatamente a companhia consegue reduzir de custo por venda direta em relação a outros canais de venda?
A estratégia de revenda é pautada em volume. Nossos revendedores são como uma extensão da loja, e alguns vendem no ano o mesmo valor e volume que algumas lojas vendem. Isso nos permite reduzir nosso custo fabril através de ganho de escala e volume, algo que outros canais de venda levam mais tempo para conseguir.