Os alimentos kosher são aqueles que seguem as leis judaicas, considerados puros e adequados para consumo. Carnes específicas, laticínios separados e alimentos neutros, como frutas e vegetais, estão entre os permitidos. Entenda como produzir e explorar o mercado kosher.
Os alimentos kosher não são apenas uma preferência cultural, mas um conjunto de práticas que seguem as leis dietéticas judaicas.
Com um mercado em crescimento, não apenas entre judeus, mas também entre consumidores que buscam produtos de alta qualidade e procedência certificada, entender como produzir alimentos kosher pode abrir novas oportunidades de negócios.
Confira as regras principais da alimentação kosher, como obter a certificação e as oportunidades desse mercado em expansão.
O que é alimentação kosher?
Kosher é um termo hebraico que significa “adequado” ou “apto”, referindo-se aos alimentos que cumprem as leis dietéticas judaicas, conhecidas como kashrut.
Essas regras são baseadas nos textos sagrados, como o Levítico e o Deuteronômio, que definem quais alimentos são permitidos, como devem ser preparados e quais combinações são proibidas.
Dentre os principais objetivos para consumir alimentos kosher, destacam-se:
- manter as tradições judaicas;
- tratar animais de uma forma mais humana;
- aumentar os benefícios à saúde;
- comer com propósito e consciência à fonte do alimento.
Alimentos que não estão conforme as leis judaicas são chamados de treif ou treyf, que significa “proibido”.
Para os consumidores, a certificação kosher é um selo de confiança, garantindo que o produto segue normas rigorosas.
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Princípios e regras da alimentação kosher
A alimentação kosher segue princípios claros que garantem a conformidade com as leis religiosas. As regras alimentares estabelecidas pela lei judaica chamam-se kashrut e as principais são:
- Consumo de apenas alguns animais, como: vaca, ovelha, cabra, frango, pato e peru;
- Animais proibidos: porco, coelho, répteis e anfíbios. Frutos-do-mar que não tenham barbatanas e escamas, como camarões, lagostas e caranguejos, também são proibidos;
- Sangue de animais não pode ser ingerido em hipótese alguma;
- O abate deve ser realizado de forma humana, utilizando uma técnica específica e indolor, chamada schechitah;
- Carne e leite não podem ser combinados na mesma refeição. Deve-se comer apenas um e esperar um período para ingerir outro;
- Os utensílios usados para manipular e consumir carne ou leite não podem ser os mesmos;
- Carne de peixe não pode ser consumida com outras carnes;
- Vinhos e sucos podem ser consumidos desde que com certificado kosher para consumo;
- Alimentos processados ou industrializados devem apresentar o selo kosher para serem consumidos.
Alimentos lácteos (como leite e queijo) e carne não devem ser consumidos juntos nem preparados ou servidos com os mesmos utensílios. Já os ovos são permitidos, mas devem ser de aves kosher e não podem conter sangue. Por isso, devem ser inspecionados antes de serem utilizados.
Além dessas regras, os alimentos são classificados em três categorias. Veja a seguir.
Alimentos neutros
Os alimentos neutros são aqueles que vêm da terra, como frutas, cereais, vegetais, entre outros. Chamados de parve, podem ser combinados com outros alimentos kosher.
Ovos de animais que não possuem sangue na casca podem ser considerados alimentos neutros e parve.
Quantos aos vinhos e sucos de uvas, há algumas regras para se tornarem alimentos kosher:
- as videiras precisam ter 4 anos ou mais;
- o cultivo deve ser exclusivo, sem a presença de outras plantas no local;
- caso esteja localizado em local sagrado, deve deixar de produzir uma vez a cada 7 anos;
- o vinho só pode ser manuseado por judeus ortodoxos;
- os equipamentos, máquinas e matéria-prima devem ser preparados e esterilizados, evitando contaminação cruzada com alimentos não kosher.
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Produtos Industrializados Kosher
Para os produtos industrializados, o abate de bovinos e frangos, por exemplo, deve seguir um ritual chamado Shechita, realizado por um magarefe treinado nas leis judaicas, qualificado como Shochet.
Antes do abate é realizada uma oração chamada Beracha. O ritual existe para diminuir ao máximo a extração de sangue durante o abate, proporcionando mínimo sofrimento a partir da degola do animal ainda vivo. A degola é realizada rapidamente e os animais alcançam a inconsciência em 2 segundos.
Após o abate, ocorre a filtração do sangue antes do consumo, adicionando sal kosher em toda a extensão da carne. Em seguida, o sal é retirado e a carne é lavada.
Além disso, as partes do animal são analisadas criteriosamente, pois a regra é que a carne tenha poucos nervos e vasos sanguíneos para ser consumida.
Quanto aos leites e seus derivados, é essencial garantir que a origem seja de uma animal kosher. O acompanhamento deve acontecer em todo o processo de produção, desde a ordenha até o momento em que o leite é engarrafado.
Por fim, os produtos industrializados devem ter um selo de garantia kosher na embalagem. Dessa forma, os consumidores podem ter certeza de que o alimento foi manipulado e fabricado seguindo as regras judaicas.
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Critérios de certificação
Para ser reconhecido como kosher, o produto deve passar por um rigoroso processo de certificação, que inclui a supervisão de todas as etapas de produção por um rabino ou uma entidade certificadora reconhecida.
Certificação Kosher
A certificação kosher é um selo de garantia de que o produto cumpre com todas as regras religiosas de preparação e consumo. No Brasil, a BDK é uma das principais certificadoras que asseguram que os produtos sejam adequados para o mercado kosher global.
Como produzir alimentos kosher?
Produzir alimentos kosher requer ajustes específicos no processo de fabricação. Os equipamentos devem ser separados entre carne e laticínios, ingredientes precisam ser certificados, e a supervisão rabínica é essencial em todas as fases. Esse investimento inicial em adequação pode abrir portas para novos mercados e consumidores.
Produzir alimentos kosher pode apresentar desafios, como a necessidade de processos de produção separados e custos de certificação. No entanto, essas barreiras são compensadas pelas oportunidades de acesso a um mercado fidelizado e em crescimento.
BDK Kosher: saiba como obter a certificação Kosher oficial
A BDK oferece certificação kosher reconhecida internacionalmente, com um processo que inclui auditorias detalhadas e supervisão contínua. Obter o selo kosher pode expandir as oportunidades de mercado e agregar valor ao produto.
O processo para obtenção do certificado possui duas etapas:
- Realização de uma pesquisa detalhada em relação aos ingredientes de cada produto e seu processo de fabricação. Além disso, é necessária a avaliação dos ingredientes, fornecedores, planta da fábrica, entre outros. Após a aprovação de todos os itens, inicia-se a segunda etapa.
- A segunda etapa consiste em uma reunião agendada com um rabino ortodoxo para aprovar os produtos e emitir o certificado kosher.
Benefícios dos produtos kosher
A certificação kosher não é apenas uma exigência religiosa, mas também um diferencial de qualidade que atrai consumidores que buscam produtos confiáveis e bem regulamentados.
Produtos kosher também costumam ser vistos como mais limpos e saudáveis, devido aos processos que potencializam a pureza e minimizam a contaminação cruzada, aumentando sua atratividade no mercado.
Panorama do mercado kosher
A comunidade judaica no Brasil, embora pequena, tem um impacto significativo no mercado de comida kosher, que continua a crescer. Além do mercado interno, há uma grande demanda internacional, especialmente nos Estados Unidos e Israel, o que abre oportunidades para exportadores brasileiros.
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Exemplos e cases
Empresas brasileiras que investiram no mercado kosher estão colhendo bons resultados, especialmente no setor de carnes, onde a exportação para mercados como Israel é um diferencial competitivo.
Um exemplo é o Sushi Papaia, restaurante paulista localizado na Vila Boim, que atende judeus que amam a culinária japonesa. A cozinha segue todos os padrões e normas kosher para produzir alimentos especiais.
O Le Jardim, restaurante do Hotel Rosewood, também atende o público judeu com um menu kosher.
O mercado de alimentos kosher oferece um caminho promissor para empresas que buscam se destacar e explorar novos nichos.
Para isso, a certificação não só valida a conformidade com as leis judaicas, mas também posiciona o produto como um item de qualidade e confiança, ampliando o alcance e as oportunidades de crescimento.
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